• • CULTURA PARÁ • •
Promovendo arte desde 1997
A história do site Cultura Pará começou muitos anos antes do dia em que ele foi ao ar, em fevereiro de 1997. Ainda nos anos 1980, por volta de 1985, eu e mais cinco amigos poetas tínhamos fechado um grupo de poesia alternativa, o “Fundo de Gaveta”, depois de três anos de reuniões semanais, e publicações de três envelopes poéticos. O grupo acabou porque nossas vidas nos levaram e não tivemos mais tempo disponível para estarmos juntos debatendo e trocando leituras, papos poéticos, devaneios, etc. Eu fiquei meio com os pés fora das asas, querendo realizar algo novo envolvendo arte. Quando me veio uma ideia de no mês de outubro, período em que acontece o Círio de Nazaré, aqui em Belém do Pará, e que por esse motivo a cidade enche de gente de tudo que é canto do país e do mundo, de fazer uma exposição com artistas da terra, em diversos segmentos. Pensei em alugar um grande galpão e montar um palco para shows de teatro e de música, galerias de arte com exposições, mini biblioteca, sala de leitura e espaço para lançamento de livros, etc. Fiquei demais empolgado com a ideia, mesmo sabendo que não tinha muita envergadura para correr atrás de apoio financeiro para desenvolvimento e montagem de tal evento.
Foi quando encontrei casualmente em uma noite com o nosso grande poeta Ruy Barata. Comentei com ele o assunto e ele me fez um alerta dizendo: “Meu irmãozinho, tu vais te machucar. Estás entrando em uma terra de vaidades”. Nunca esqueci essas palavras e esse dia. Porque o Ruy, com toda a sua experiência estava coberto de razão. Bem, o certo é que o sonho ficou por aí mesmo.
Onze anos depois, trabalhando na Prodepa – Empresa de Processamento de Dados do Estado do Pará, desenvolvendo sites, que nessa época ainda eram bem rudimentares porque as redes de internet eram demais lentas, lembrei novamente da ideia do galpão. Pensei que não precisaria mais do apoio de ninguém, que eu poderia montar ele virtualmente, com obras de artistas da terra e gradativamente poderia modifica-lo, dando-lhe uma aparência mais bem elaborada e incluindo mais e mais artistas.
Conversei com um amigo sobre a ideia, o Antônio Mokarzel, que tinha um provedor de internet na época e ele abriu as portas para o tal galpão virtual, inclusive sugerindo o nome Cultura Pará para ele, o que foi totalmente aprovado e é utilizado até hoje.
Em 1996 ainda, convidei alguns artistas para darem o pontapé inicial ao projeto, entre eles Max Martins, Paula Sampaio, Jorge Eiró, Flavya Mutran, Antônio Moura e Haroldo Baleixe, quando finalmente o tal “galpão” virtual mostrou sua cara pela primeira vez, indo ao ar no início do ano de 1997.
Inicialmente no site Cultura Pará eu criava para cada artista um padrão visual próprio, de acordo com o teor estético de suas obras e com o que a tecnologia nos permitia na época. Mas sete anos depois, em 2004, houve uma mudança de direção devido a inclusão de muitos novos artistas que fizeram com que o projeto tivesse que mudar sua história gráfica e criar um modelo padrão para o site, havendo um relançamento em um local de atividades artísticas ao ar livre chamado “Memorial dos Povos”, com a manifestação e participação gratuita de atores e músicos em apresentações dramáticas e musicais ao vivo, para um público apaixonado por arte e pelos artistas que já faziam parte do projeto.
A partir daí, a seleção dos artistas para participação do site, passou a ser por etapas não determinadas e mediante curadorias específicas e não fixas para cada segmento.
Desde os primeiros anos o site Cultura Pará, veio recebendo indicações e referências importantes pela ousadia do projeto, o trabalho dos artistas participantes e pela forma como foi concebido.
Em 1998, foi indicado ao “Prêmio Bow Award da Web”, pelo site especializado em web design, Moloko Design and Communication.
Foi citado na revista “Infos Brésil”, número 142 (1998/1999), lançada em Paris pelo editor e cineasta Marcos Magalhães.
No ano 2000, o site Cultura Pará recebeu da revista americana How Design, a referência top link “Design Inspiration/Education”, valorizando a forma e o conteúdo do projeto.
Foi citado pelo artista plástico Armando Queiroz, em 2009, no livro "Trilha do Desejo – a arte visual brasileira" do projeto "Rumos Itaú Cultural".
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É com enorme prazer que administro este site há tantos anos. É com muito orgulho e satisfação que vejo tantos artistas dando continuidade e evoluindo em suas atividades criadoras, com tanto empenho e paixão por tantos anos, sabendo que com isso incentivam novas gerações de produtores de arte. Sempre vejo a arte como um objeto de criação e crescimento enorme, tanto do artista como de quem a absorve. Não estou falando aqui do produto de mercado, esse eu particularmente nem o considero arte, porque ele é produzido para ser vendido apenas, a qualidade do trabalho é sacrificada, porque o mais importante não é a obra, e sim a venda. Mas o que me (co)move é estar em contato com esses maravilhosos criadores que nós temos, por isso levo adiante essa ideia por tanto tempo.
Não é um trabalho, é um enorme prazer fazer o Cultura Pará.
Este ano, estamos comemorando 20 anos. Contamos atualmente com mais de 100 artistas em nossas páginas. Promovemos milhares de eventos artísticos-culturais ao longo desses anos todos. E não perderemos o curso. Teremos muitas novidades nos próximos anos, pois a arte é imprescindível. Como já dizia Nietzsche: “Temos a arte, para que a verdade não nos destrua”.
Parabéns à todos os artistas que fazem parte atualmente deste projeto, e à todos os outros que ainda não estão presentes, mas que futuramente, quem sabe, poderão estar participando desse projeto e engrandecendo mais ainda nossa vontade de tocar mais e mais essa ideia.
Faço aqui um agradecimento especial também, aos que me ajudaram na concepção inicial do site com ideias, indicações e trocas de informações sobre o projeto e na curadoria nos primeiros anos do site, à fotógrafa Maria Christina e ao artista plástico, Jorge Eiró.
ps. Aos novos artistas eu sempre aconselho que participem dos salões e editais de arte em geral que nós temos aqui em nosso Estado. Isso dará visibilidade ao seu trabalho e referência para novos espaços tanto aqui como fora de nossa região. As curadorias dos salões são feitas com responsabilidade e por profissionais de grande competência. Mas tenham sempre em mente que obra de arte não é um produto matemático, nem é uma prova esportiva. Um premiado, claro que tem seu valor e merecimento, mas podem ter outros que não tiveram esse retorno mas que isso não significa que o seu trabalho não tenha valor estético para figurar em um salão. Existe também o que se chama de identificação estética, e isso pode variar de uma curadoria para outra.
• 2017 — 20 NOS DE CULTURA PARÁ •